08 agosto 2009

O Kiai no Judo

A palavra Kiai decompõe-se da seguinte forma: Ki espírito e ai contracção do verbo awazu (unir). Assim, Kiai pode-se traduzir por “união dos espíritos”, é por vezes empregue no judo acompanhado de um grito, este grito é um som breve, muito intenso. A base é um “a”, variável, segundo a voz de cada um. Este “a” pode tornar-se: “ai”, “alte”, “oilt”, “ait”, “iaa”, etc.

Em judo, o Kiai consiste em criar um estado psicológico tal que guarda a iniciativa. O judoca que utiliza o Kiai descontrai-se primeiro de corpo e de espírito, o seu corpo deve ser leve mas firme, o tronco direito, o queixo colocado para dentro, uma força subjacente concentrada no baixo-ventre (tanden).

As deslocações são ligeiras e comandadas pelo Tai-sabaki (esquiva). Os nervos distendidos estão prontos a responder ao primeiro ataque do oponente. O espírito, como o corpo, está livre de toda a preocupação, distendido mas vigilante. A cada instante, o judoca molda-se pelo seu adversário ao ponto de estar em comunicação total e perfeita com este.

Os dois corpos, os dois espíritos, não formam mais que um. O adversário mais forte, isto é, o mais ligeiro, mais rápido e mais vigilante, conduz o combate; no momento em que o equilíbrio se rompe, tal como um relâmpago, sem o menor raciocínio, sem a menor hesitação, o movimento parte, a projecção irresistível executa-se.

A respiração apresenta aqui um grande papel. Tori (quem faz o ataque) ataca no fim da sua inspiração/inicio da expiração, ou seja, no fim da expiração/inicio da inspiração do Uke (Quem faz a defesa). Este facto provoca, por vezes uma descarga respiratória e nervosa, um grito seco, possante, que parece sair das entranhas do Tori.

A tensão nervosa descarrega-se, o ar é expelido dos pulmões, um grito estala. Um parceiro é vencido, o outro é vencedor. O Kiai entrou em acção.