
Kano adoptou a concepção do corpo feminino ditada pelas teorias científicas da altura. As técnicas eram restringidas segundo regras de decoro e os contactos físicos, vestuário e atitudes adaptados à classe feminina. As diferenças eram biológicas. Kano, que não queria sobrecarregar o corpo feminino, reuniu-se com especialistas e com médicos cientistas estudiosos do Judo para se assegurar que os métodos e conteúdos a ensinar eram apropriados para as mulheres.“Desenvolver a mente e a técnica em harmonia” era o lema para a secção de Judo feminino, no Kodokan. A ênfase era colocada na suavidade. A etiqueta era rigorosa. As quedas eram consideradas muito importantes. As mulheres não podiam fazer randori, qualquer forma de resistência era errada e a prática das kata era enfatizada. Kano ensinou a sua mulher, Sumako, e as suas amigas pessoais.

A evolução iniciou-se nos anos 60 quando o estatuto da mulher na sociedade se alterou e quando o Judo iniciou o seu percurso como desporto internacional. Rusty Kanokogi foi a primeira Judoca a desafiar as regras de separação dos géneros. Puxando para trás o seu curto cabelo, ela entrou em 1961 no campeonato YMCA do estado de Nova Iorque. O mundo do Judo, um bastião tradicional masculino, rapidamente manifestou o seu conservadorismo: a medalha que ela ganhou foi-lhe retirada.

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