18 maio 2009

O Judo Feminino (1ª Parte)

Desde o início do século XX até aos anos 60, o papel das mulheres no Judo foi reduzido devido à diminuta autonomia de que dispunham, mas, a partir daí, tem vindo progressivamente a ser maior.Nos arquivos do Kodokan a primeira referência às mulheres data de 1893. Sueko Ashiya é dada como a primeira rapariga a participar numa classe de Judo.

Kano adoptou a concepção do corpo feminino ditada pelas teorias científicas da altura. As técnicas eram restringidas segundo regras de decoro e os contactos físicos, vestuário e atitudes adaptados à classe feminina. As diferenças eram biológicas. Kano, que não queria sobrecarregar o corpo feminino, reuniu-se com especialistas e com médicos cientistas estudiosos do Judo para se assegurar que os métodos e conteúdos a ensinar eram apropriados para as mulheres.“Desenvolver a mente e a técnica em harmonia” era o lema para a secção de Judo feminino, no Kodokan. A ênfase era colocada na suavidade. A etiqueta era rigorosa. As quedas eram consideradas muito importantes. As mulheres não podiam fazer randori, qualquer forma de resistência era errada e a prática das kata era enfatizada. Kano ensinou a sua mulher, Sumako, e as suas amigas pessoais.

Mas só a partir de finais dos anos 40, o Judo feminino começou a estabelecer-se e as mulheres a ganhar o estatuto de cinto negro. Após a II Grande Guerra, por volta de 1949, Ruth Gardner, de Chicago, tornou-se a primeira mulher estrangeira a frequentar o Instituto Kodokan, em Tóquio, e Marie-Rose Collet, de França, foi a segunda. Na Austrália, em 1968, Patrícia Harrington e Betty Huxley fundaram a primeira Federação de Judo feminino com o objectivo de promoverem o Judo Kodokan feminino. A maioria das vezes as mulheres eram ensinadas por homens, até que algumas se tornassem professoras.

A evolução iniciou-se nos anos 60 quando o estatuto da mulher na sociedade se alterou e quando o Judo iniciou o seu percurso como desporto internacional. Rusty Kanokogi foi a primeira Judoca a desafiar as regras de separação dos géneros. Puxando para trás o seu curto cabelo, ela entrou em 1961 no campeonato YMCA do estado de Nova Iorque. O mundo do Judo, um bastião tradicional masculino, rapidamente manifestou o seu conservadorismo: a medalha que ela ganhou foi-lhe retirada.

O Judo como desporto deixava de ser um território de virilidade a ser conquistado. Ao contrário, as campeãs reclamavam igualdade de direitos não aceitando que a sua participação tivesse que ser limitada a torneios técnicos ou a exibições de kata. As judocas dos anos 70 recusaram-se a ser consideradas como uma minoria e exigiam ter acesso a competições em pé de igualdade com os homens.

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